Disputa eleitoral para a Prefeitura de BH já começou
Corrida pela sucessão municipal no ano que vem já começou
nos bastidores dos partidos. Eventuais concorrentes trabalham para garantir
pista livre de obstáculos até a indicação
Prefeitura de BH
Bertha Maakaroun
Edésio Ferreira/EM/D.A Press
Disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte nas eleições de
2016 deve girar em torno da polarização entre PSDB e PT
Os potenciais candidatos já passam de 15, numa disputa de
fundo que repetirá mais de duas décadas de polarização entre PT e PSDB nas
sucessões municipais e estaduais – exceção feita a 2008, quando se uniram na
corrida à Prefeitura de Belo Horizonte em torno de Marcio Lacerda (PSB).
Petistas querem recuperar a capital, perdida nas eleições de 2012, depois de
participarem do núcleo das decisões administrativas e políticas desde o governo
Patrus Ananias (PT), eleito em 1992. Já tucanos miram a conquista da
administração da cidade como estratégia prioritária para recuperar a sua base
política no estado, pulverizada após a derrota nas eleições de 2014. Em meio a
um novo confronto agressivo entre vermelhos e azuis que se anuncia, não são
poucos aqueles candidatos que por ora se lançam na aposta de uma terceira via.
De nanicos bem-sucedidos nas eleições proporcionais a partidos de porte médio,
de tudo há um pouco.
Os primeiros lances pós-eleitorais da sucessão à PBH
sinalizam, neste momento, para um cenário em que dois dos três líderes e
aliados nas eleições de 2008 – o governador Fernando Pimentel (PT) e o prefeito
Marcio Lacerda (PSB) – estarão em campos opostos. A recente reforma
administrativa promovida pelo socialista denota a disposição de manter a
aliança política com o PSDB e o grupo de aliados que o reelegeu em 2012,
lançando água sobre a fervura da aposta de uma aproximação com o PT em torno de
uma chapa de consenso. Essa hipótese aventada se destinaria a isolar o PSDB em
BH, em resposta às eleições municipais passadas, quando socialistas e petistas
romperam o acordo na véspera do prazo final para o registro das chapas na
Justiça eleitoral. O PSB caminhou com os tucanos, e, diferentemente da união
entre PT,
Cautela
“Nossa aliança será com os partidos que nos apoiaram em 2012
e estão na administração. A hipótese de aliança fora disso não existe afirma o
prefeito Marcio Lacerda, que prefere não abordar possíveis nomes, evitando
debate que, acredita, prejudicaria o andamento de sua gestão e a interlocução
com a Câmara Municipal. Mas, em política, antes que um pleito se encerre,
inicia-se a nova eleição. Em conversas em abril do ano passado entre Lacerda e
o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, foi fechado acordo de que
caminhariam juntos em 2016 e que o protagonismo na condução do processo seria
do socialista. Em bom português, a coalizão entre tucanos e socialistas, já no
primeiro turno, depende portanto, de que a indicação dos candidatos saia de um
consenso conduzido por Lacerda.
Mas, dentro do PSB de Lacerda, que pretende assumir a
presidência estadual da legenda, nem tudo são flores. O atual dono do cargo e
deputado federal Júlio Delgado, que tem manifestado a intenção de continuar à
frente do partido, admite que o processo sucessório tenha de ser conduzido por
Lacerda. Mas, segundo ele, as bases do partido reivindicam uma candidatura
própria. Com o título eleitoral em Juiz de Fora, Delgado está disposto a
transferi-lo para a capital mineira. “A possibilidade do meu nome existe. Há
militantes pressionando para isso”, afirma.
APOIO No campo político formado por PSB, PSDB, PV e PPS,
legendas que estão em postos-chaves no núcleo duro do governo, há mais um
pré-candidato explícito e outros silenciosos. O vice-prefeito, Délio Malheiros
(PV), que em 2012 renunciou à sua candidatura para compor a chapa com Marcio
Lacerda, assinala: “É meu propósito me candidatar, mas não é a minha prioridade
no momento”. Considerando que “apoio se conquista, não se impõe”, Délio
Malheiros vai trabalhar com discrição pelo apoio de Lacerda, ao mesmo tempo
sinalizando ao PSDB que seria uma possibilidade para a convergência do grupo.
No ninho tucano, onde se dará a principal interlocução do
PSB em BH, estão colocados o deputado federal Rodrigo de Castro e o deputado
estadual João Vítor Xavier. Pimenta da Veiga (PSDB), ex-prefeito de BH e
candidato derrotado ao governo de Minas, não é mais cogitado. “Não sou
pré-candidato e de nenhum modo o meu nome vai ser considerado”, afirma Pimenta.
Já o senador e ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) voltou nas últimas
semanas a ser lembrado para encabeçar uma chapa, tendo por vice o secretário
municipal de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão.
Há outros atores neste mesmo campo político, como a
possibilidade de candidatura do ex-presidente da Assembleia Legislativa Dinis
Pinheiro, que está de malas prontas para deixar o PP. Também a ex-deputada
estadual Luzia Ferreira (PPS), que acaba de sair da Secretaria Municipal de
Governo para assumir a Secretaria Municipal de Políticas Sociais, é outra na
corrida à PBH. Poderá tanto encabeçar uma chapa como ser opção para uma
composição como vice.
UNIÃO Numa posição política um pouco diferente, estão
aliados de Marcio Lacerda que se declaram independentes para postular
candidatura própria. Nesta categoria, está o presidente da Câmara, Wellington
Magalhães (PTN), presidente estadual da legenda. Ele encabeça coalizão de
partidos nanicos que agora levantam a voz para marcar posição não só nas
disputas proporcionais, onde desenvolveram expertise em montar chapas eficientes,
mas também na eleição majoritária. “Conversei com Aécio e disse-lhe que
precisamos escolher um nome que não seja imposto. Um nome que seja construído.
Queremos uma terceira via”, afirma Magalhães, em nome não apenas de sua sigla,
mas também do PSDC, do PRP e do PR. Em bom “politiquês”, os nanicos se unem
para indicar Wellington Magalhães como vice de uma chapa forte.
Preferencialmente, mas não exclusivamente, no grupo de Lacerda.
Também em voo solo se lança o deputado federal Eros Biondini
(PTB), que foi candidato a vice de Leonardo Quintão (PMDB) na disputa pela PBH
nas eleições de 2008 e abriu mão de sua candidatura à corrida sucessória de
2012 para apoiar Lacerda. “A minha candidatura é natural”, afirma, considerando
que ainda não tem resposta se estará no mesmo campo político do PSDB e de
Marcio Lacerda nesta disputa.
Com o aval do governo
Ao lado do PT, se enfileira o PMDB. Esta será uma chapa
conduzida pelo governador Fernando Pimentel (PT). Há vários nomes. A começar no
PMDB pelos deputados federais Leonardo Quintão e Laudívio Carvalho, além do
deputado estadual Sávio Souza Cruz. Também é lembrado Josué Gomes da Silva,
candidato ao Senado com surpreendente votação em Minas. “A partir da semana que
vem, começaremos a conversar. A linha preferencial é a composição com o PT em
todas as cidades de Minas. Em algumas, vamos apoiá-los. Em outras, seremos
apoiados”, afirma o vice-governador e presidente estadual da legenda Antônio
Andrade.
No PT, um único candidato admite o desejo de concorrer. “A
minha disposição é total. Mas, como secretário do governo Fernando Pimentel, só
me cabe colocar nas mãos dele esta decisão”, afirma o secretário de estado de
Ciência e Tecnologia, Miguel Corrêa. Ele, que é presidente municipal do PT e é
majoritário no partido, seria o candidato a vice na chapa de Marcio Lacerda em
2012. Até a ruptura e a indicação que se seguiu de Patrus Ananias (PT), atual
ministro da Reforma Agrária, para bater chapa contra o socialista e os tucanos.
“Se Fernando Pimentel achar que o meu nome é o melhor para representar o
partido, serei o candidato. Caso contrário, apoiarei quem for o indicado, sem
criar disputa interna no PT”, afirma Corrêa.
Na legenda, a candidatura do deputado federal Gabriel
Guimarães é tecida silenciosamente. Ao mesmo tempo, aliados mais próximos a
Fernando Pimentel articulam a candidatura de perfil mais técnico de Helvécio
Magalhães, secretário de estado de Planejamento e Gestão.
Estado de Minas