Pepper torna-se suspeita de corrupção na Lava Jato

        Fernando Pimentel e Carolina Oliveira



Pepper torna-se suspeita de corrupção na Lava Jato
Agência é mais uma a ser investigada pela operação da Polícia Federal, como adiantou a Revista Época. Ações de Marketing obscuras estão em xeque diante de diversas acusações

Por Renata Leite | 17/08/2015
renata.leite@mundodomarketing.com.br


Mais uma agência foi parar no banco dos réus na investigação dos casos de corrupção da Lava Jato. Desta vez é a Pepper Interativa a acusada de desvio de recursos em um contrato firmado para receber valores da construtora Queiroz Galvão, em 2012, como adiantou a Revista Época. Segundo a reportagem, a Pepper criou, em nome de laranjas, uma offshore no Panamá e uma conta secreta na Suíça para movimentar o dinheiro proveniente do esquema.

A empresa aberta na época, a Gilos, teria recebido US$ 237 mil para realizar ações de Marketing Digital para a construtora, mas não há qualquer detalhamento dos serviços que seriam prestados à empreiteira. Além da Lava Jato, a agência também é investigada na operação Acrônimo, de acordo com a Revista Época. As suspeitas pairam sobre supostas intermediações de recursos entre o BNDES e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel.

Segundo a revista, entre 2013 e 2014, a Pepper teria recebido R$ 520 mil do banco por serviços de publicidade e teria repassado R$ 236 mil à mulher de Pimentel, Carolina Oliveira. Em nota oficial publicada em seu site, a agência afirma que “Carolina Oliveira jamais indicou a Pepper para o BNDES ou qualquer outro cliente público, de forma que não recebeu qualquer remuneração pelo contrato. O trabalho para o BNDES foi solicitado à Pepper por uma agência de publicidade contratada pelo banco, que cotou o serviço com outras empresas concorrentes”. A Pepper teria apresentado a melhor proposta.

A Pepper admitiu, segundo a reportagem, ter pago duas contas de cartões de crédito da mulher do político, alegando que foi em nome da amizade da dona da agência, Danielle Fonteneles, e Carolina Oliveira. Documentos que foram apreendidos pela Polícia Federal podem conter dados da contabilidade dessas operações obscuras.

A revista diz ainda que a mulher de Pimentel distribuía cartões da agência, atuando como uma espécie de sócia oculta. A Pepper, por sua vez, afirma que Carolina era de fato uma representante sua. “A Pepper tem o costume de confeccionar cartões de visita para aqueles que mantêm contatos externo, mesmo colaboradores. Foi o caso da sra. Carolina Oliveira”. “Durante os 28 meses em que trabalhou conosco, Carolina Oliveira recebeu cerca de R$ 440.000 reais – uma média de R$ 15.700 reais por mês -, absolutamente dentro dos padrões de mercado”, complementa a nota.

O caso não aparece sozinho na área. Muito pelo contrário, ao longo dos últimos anos, pelo menos três escândalos jogaram luz sobre práticas ilegais e antiéticas que fazem parte da rotina do Marketing. O cenário escancarado com o pedido de prisão do ex-Diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, passando pela operação Lava Jato e, mais recentemente, com as denúncias envolvendo dirigentes esportivos não chega a surpreender quem trabalha na área.

Veja a nota completa disponível no site da Pepper:

“A revista Época publicou uma reportagem sobre a Pepper, na qual faz afirmações gravíssimas, sem lastro factual. Pior, sem nos dar o direito de responder às duas maiores acusações, absolutamente infundadas:

1) a de que Carolina Oliveira, esposa do governador Fernando Pimentel, seria “uma espécie de sócia oculta” nossa.

2) que teríamos intermediado recursos do BNDES a Pimentel, no tempo em que era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

No questionário encaminhado por Época à Pepper, não há referência às duas imputações. Em vez de perguntar claramente o que temos a dizer sobre as acusações que constituem o coração da reportagem, a revista se valeu de questionamentos laterais, tirando de nós o direito básico à defesa.

Para sustentar a afirmação pesada de que Carolina Oliveira seria “uma espécie de sócia oculta” nossa, Época se ampara na informação de que ela “distribuía cartões no mercado como se fosse representante da Pepper”. Não é “como se fosse”. Carolina Oliveira era uma representante nossa. Mesmo sem ser informados de que a suspeita da revista era essa, explicamos os cartões de visita, da seguinte forma: “A Pepper tem o costume de confeccionar cartões de visita para aqueles que mantêm contatos externo, mesmo colaboradores. Foi o caso da sra. Carolina Oliveira”. Durante os 28 meses em que trabalhou conosco, Carolina Oliveira recebeu cerca de R$ 440.000 reais – uma média de R$ 15.700 reais por mês --, absolutamente dentro dos padrões de mercado.

Para sustentar a segunda grave acusação, de que a Pepper teria intermediado recursos do BNDES a Pimentel, a revista escreveu: “Funcionou assim: entre 2013 e 2014, a Pepper recebeu R$ 520 mil do BNDES por serviços de publicidade e repassou R$ 236 mil a Carolina Oliveira”. Como informamos à reportagem, Carolina Oliveira jamais indicou a Pepper para o BNDES ou qualquer outro cliente público, de forma que não recebeu qualquer remuneração pelo contrato. O trabalho para o BNDES foi solicitado à Pepper por uma agência de publicidade contratada pelo banco, que cotou o serviço com outras empresas concorrentes. Vencemos com a melhor proposta.

Posto que seu interesse era sugerir que tudo não passou de um repasse de recursos, Época poderia ter nos solicitado provas de que o serviço foi realizado ou, valendo-se da legislação de transparência, requerer os dados ao próprio BNDES. O questionário encaminhado pela reportagem não pede o envio de evidência contratual para este trabalho. Ressalte-se que 520 mil reais por dois anos dá, recolhidos os impostos, um rendimento médio mensal de R$ 17.700 reais.

Época tem o direito de não acreditar nas respostas que recebe, mas tem o direito de simplesmente não perguntar? Tem o direito de deixar de fora do questionário encaminhado justamente as graves acusações que planejava formular? E que respondidas, como só podemos fazer agora, mostrariam a fragilidade do material apurado? A Pepper entende que não.

Apresentar a Pepper como uma empresa de fachada não é apenas uma mentira, é uma agressão. A Pepper soma mais de 100 clientes atendidos, tem 51 calaboradores diretos, participou de várias campanhas eleitorais vitoriosas e já recebeu premiação internacional por seu trabalho em campanhas políticas, além do reconhecimento por ações promovidas na web.

A Pepper tomará todas as medidas para defender sua imagem e reputação e para evitar que sua atuação profissional seja deturpada.

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