Dilma coloca a Educação do país na negociação do "saldão de cargos"



Brasília (DF) – A estratégia de aliados do governo federal de incluir o Ministério da Educação na negociação de cargos que vem sendo promovida para tentar blindar a presidente Dilma Rousseff contra o processo de impeachment foi bastante criticada pelo presidente nacional da Juventude do PSDB, Henrique Vale. Para o tucano, o ‘saldão de cargos’ promovido por Dilma evidencia que o governo relega a educação a segundo plano: a prioridade é manter-se no poder.

Ele lembrou que o ministério da Educação é uma das pastas que mais foi alvo de barganha do governo federal. Somente no segundo mandato de Dilma, a pasta já passou pelas mãos de Cid Gomes, Renato Janine Ribeiro e Aloizio Mercadante, que agora pode sair do cargo para dar lugar a um nome indicado por partidos aliados.

“Essa barganha só reforça a cisão do governo federal com a educação pública: além de cortarem verbas e deixarem os estudantes na mão com os contratos do Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], acima de tudo ainda vendem, mais uma vez, o ministério da Educação. O Aloizio Mercadante está aí para mostrar isso. Vendem a pasta de Educação como moeda de troca política”, criticou Vale.

Segundo reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo (02/04), aliados do governo Dilma sugeriram à presidente que oferecesse o ministério da Educação ao PP, ao invés do da Saúde. Dessa forma, o ministro Celso Pansera deixaria o Ministério da Ciência e Tecnologia, possivelmente deixando o cargo para Aloizio Mercadante. Também pode deixar o governo o ministro recém-empossado Mauro Lopes, do PMDB. A pasta dele, a Aviação Civil, também seria uma das oferecidas em negociações com PP ou PR.

‘A UNE não nos representa’

O presidente da Juventude do PSDB questionou a atuação da União Nacional dos Estudantes (UNE), que vai às ruas para defender a presidente Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, investigado pela Operação Lava Jato, mas não representa mais os estudantes do Brasil, e certamente não defende os seus interesses.

“A UNE no mínimo deveria ser vigilante com as qualificações da pessoa que venha a assumir esse ministério [da Educação], mas muito provavelmente o circo vai estar armado como sempre foi, e a UNE vai abaixar a cabeça para o que o governo federal determinar”, lamentou.

Henrique Vale destacou que o governo federal está acuado e, sem saber o que fazer para se reafirmar, recorre a estratagemas como a transformação de eventos em comícios e a realização de discursos frente a audiências ensaiadas. Ele ressaltou que, como uma entidade que deveria lutar pelos estudantes do Brasil, ao invés de por uma ideologia política, a UNE deve ser questionada.

“Nós [da Juventude do PSDB] estamos agora remapeando os nossos DCEs [Diretório Central de Estudantes] e vamos começar nesse ano uma mobilização muito forte para começar a questionar as atitudes da UNE frente ao que o governo federal tem feito. Mas uma mudança na política de educação só vai realmente se concretizar se trocarmos o presidente, se a Dilma sair do cargo”,